sábado, 13 de fevereiro de 2016

Uma década de Lucas. E viva nós!






Lucas,

hoje você completou 10 anos. Hoje, eu, você e seu pai completamos uma década juntos.

Filho, para mim, é estranho ouvir das pessoas: "nossa! Como o tempo passa depressa, nem percebemos", porque na verdade, não me sinto assim. Olhando para trás, para esses anos, parece que vivemos bem mais, pelo menos umas duas décadas.

Com o seu nascimento, Luquinhas, veio tudo, não só um filho. Veio casamento, casa, responsabilidades, um mundo inteiramente novo. Saí de uma garota recém-formada, que morava com a mãe, para uma mãe de três filhos, profissional, esposa e com contas (muuuuuuitas delas).

Mas você representa muito não só para mim, mas também para muito mais gente. Você é o primeiro em tudo, primeiro neto, bisneto, sobrinho. Você que ensinou uma família toda a ser o que é hoje, a abrir espaço para acolher todas as outras crianças que vieram depois de você. E como vieram. Depois de você, veio Maria Flor, Tom, Gabriel, Pedro e Laura. E todos pegando carona no caminho que você vem abrindo.

Lucas, mas nada acaba por aqui. Esses dez anos foram só o começo. Para os próximos dez muito mais coisa vem por aí. E nós continuaremos juntos, unidos, para viver tudo isso.

Com amor.

mamãe


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A gente te deseja



2015. Respira. 2015. Uma página em branco no computador. 2015. Espera. 2015. Aprendi que tudo deve ter um lado bom. 2015. Ainda dá tempo de aprender. 2015. E lá vamos nós outra vez, porque se há crise econômica, se o tempo não volta para evitar um atentado em Paris, uma chacina no Curió, um Cunha, uma Samarco, uma criança síria, que a gente possa aprender com tudo isso.

Que a gente possa olhar com mais otimismo o futuro, que a esperança seja nosso combustível para seguir em frente. Obrigada, Jana, pelas palavras naquele dia. E que saudades de conversamos mais! Que se do lado de fora está tudo caótico, que a gente se vire para dentro e se dê conta que ainda temos alguns braços acolhedores. Obrigada aos meus filhos pelo amor incondicional, pelo sorrisos e inocência. Isso me faz perceber que o que mais desejo é sempre voltar para casa. E que bom é ter para onde voltar!

Que a gente se apegue aos pequenos momentos, pois eles geralmente são os que nos aquecem o coração. Amor, obrigada por dançar comigo assim sem propósito no meio da sala, na multidão. Quero ainda ter muitas valsas imaginárias com você.

Que a gente lembre que o amor sempre dará frutos, que nada o impede de multiplicar. Assim, obrigada Camilinha por casar e fortalecer esse amor. Obrigada a minha irmã, por gerar mais uma pessoinha capaz de fazer a diferença.

Que a gente lembre que a responsabilidade de promover a mudança também é nossa. Obrigada aos que estão comigo no batente todos os dias, que compartilham as ideias, que se esforçam. Obrigada também, May e Elon, continuamos devagarinho, mas fortes e persistentes.

Que a gente seja capaz de perceber a fortuna que é ter pessoas por você. Obrigada, Neto, Vicente, Cartaxo e Glícia. Serei sempre grata e disponível para vocês. Que a gente se dê conta que em bando pode ser mais legal. Obrigada a Ju, Eugênia, Nataly, Jennifer, Guilherme, e todos que me tiraram de casa ou dividiram um pão quentinho na minha cozinha. Estarei sempre disponível.

Que a gente compreenda a necessidade de se reinventar. Obrigada, Sueli, por abrir meus olhos. Que a gente nunca perca nossas referências. Obrigada, Lalá, pela inspiração. Obrigada, mano, eu te amo e admiro. Obrigada, pai, por se aproximar, Obrigada, mãe, você é minha bússola.

E que em tempos difíceis não nos falte paciência, coragem e coração.

Feliz 2016.

domingo, 4 de outubro de 2015

Somos agentes da transformação





Meus amores,

no último mês a Ashoka (depois pesquisem sobre o lindo trabalho deles) divulgou a lista das oito escolas transformadoras do Brasil e a Escola Vila estava lá. Fiquei muito feliz com o resultado, mesmo só descobrindo há bem pouco tempo que essa lista existia.

Sabe, meus filhos, a escolha de uma escola para vocês nunca foi baseada pela distância casa colégio, índice de aprovações no vestibular ou infraestrutura tecnológica oferecida ao aluno. Foi algo muito bem pensado, casado com nossas expectativas e tudo que nós desejamos a vocês. Foi realmente um presente diário que quisemos proporcionar a vocês.

Eu e seu pai sempre nos preocupamos em torná-los mais humanos, sensíveis às pessoas, a natureza e a sociedade. Desde pequenos, minha maior preocupação foi torná-los cada dia mais gente, capazes de compreender o seu papel no universo e fortes o suficiente para superarem as dificuldades que surgem inevitavelmente no caminho.

Meus amores, acredito que temos que passar na vida de forma transformadora. Somos agentes de tudo que nos cerca e capazes de influenciar os acontecimentos ao nosso redor. Acredito que entrar na vida das pessoas significa comprometer-se também com a felicidade delas.

Meus filhos, sempre podemos ajudar. Aliás, colaborar deve ser uma das coisas que devemos ter sempre em mente. Nossa vida também é servir. Não estamos aqui apenas para buscar nossas próprios objetivos. Nossas ações, nossa palavra, nosso abraço, deve estar aberto ao outro.

Lembrem-se, meus queridos, não estamos sozinhos e por isso mesmo não adianta achar que somos autossuficientes. Dependemos de tudo que nos cerca e por isso mesmo também somos corresponsáveis por manter cada coisa em seu melhor estado. Por favor, nunca esqueçam disso.

Com amor,

mamãe.

* O que estava ouvindo: "Mountain Sound", "Dirty Paws", "Love, Love, Love" e "King and Lionheart". Todas de Of Monsters and Men.

domingo, 31 de maio de 2015

Abram os olhos




Meus amores,

às vezes vocês reclamam bastante das atividades que proponho para fazer com vocês. Geralmente, quando resolvo levá-los para uma exposição de arte ou apresentá-los a alguma história ou lugar interessantes, vocês fazem logo uma cara feia e dizem que eu só quero saber de coisa chata.

Meus filhos, eu não me sensibilizo quando vocês reagem assim. Bem...na hora eu respiro e me sinto contrariada, mas compreendo que às vezes é mais fácil ficarmos em nossa zona de conforto que experimentar algo novo.

Ah, Maria Flor, Lucas e Tom, a verdade é que vocês precisam aprender. Todos nós, o tempo todo. E não adianta acharem que conhecimento se mede pelo tanto de matéria que assimilam em cada semestre, porque caso fosse eu teria escolhido um outro tipo de escola para vocês.

Viver, meus pequenos, necessita de muita habilidade e de uma capacidade infinita de compreender o seu entorno e quem lhes cerca. Viver é buscar o tempo inteiro o limite entre o saudável e o veneno. É saber alimentar-se sem exagerar. É saber respeitar sem se anular. É saber brincar sem ser bobo.  É saber dizer sem machucar. É saber amar sem se perder.

E não há fórmulas, meus filhos, é vivendo que se vive. É experimentando que se aprende. Ninguém tira soluções para uma vida se não viveu. Quanto mais se ver, mais se conhece, mais artifícios temos para tirar da cartola uma solução para nossa vida e quem sabe para dos outros também. Afinal, a gente está aqui para contribuir também, não é?

Por isso, eu vou continuar lhes apresentando cores, sabores, lugares, pessoas. Porque nosso horizonte é infinito. Temos muito o que caminhar.

Com amor,

mamãe.

* O que eu estava ouvindo: Let Her Go - Passenger; Potinhos - A banda mais bonita da cidade.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nossa! Meu filho é católico


Lucas,

no último final de semana você nos encheu de orgulho. Foi seu primeiro dia de catecismo e você voltou muito feliz de sua tarde na Igreja. Passou o resto do dia comentando sobre o que aprendeu e o tanto de "rezamento" (sim, você chama de rezamento as orações) que ainda tem que aprender. Isso, meu filho, pode parecer simples e corriqueiro para algumas famílias, mas para nossa foi algo incrível.

Para explicar melhor o porquê, voltemos nove anos atrás, época do seu nascimento. Filho, seus avós paternos e maternos têm tradição católica e logo que nasceu muito falaram a mim e seu pai para batizá-lo. Resistimos e até hoje nem você nem seus irmãos foram batizados.

Sabe, Luquinhas, não o fiz de maneira consciente. Eu e seu pai acreditamos muito em Deus, em sua existência e em como ele opera em nossas vidas. Eu acredito verdadeiramente no amor e no poder que ele tem quando transformado em ação. Muito me preocupo em ensinar a você, Maria Flor e Tom o valor da generosidade, do servir ao próximo, a lei da reciprocidade, do importar-se com o outro e com o planeta, de ser leve e não se apegar ao que é da terra. Porém, nunca me peguei tão preocupada em ensinar-lhes o jeito certo de rezar (e tem? Se não for pelo coração, não sei), de fazê-lo aprender as regras da Igreja Católica, de dizer como deveria ser sua fé.

Filho, desejo para você verdadeiramente o livre arbítrio, Meu papel aqui, eu creio, é mostrar-lhe as possibilidades da vida, as maneiras de agir diante do mundo e as consequências de suas ações. Como sua mãe, mostro-lhe todos os dias nossos valores enquanto família, mas não posso escolher por você.

Então, imagina Lucas, que felicidade e alívio ao ouvir de você um "mãe, eu quero fazer catecismo. Quero conhecer mais Deus e os rezamentos". Ah, filho, isso foi a certeza de que agimos certo, de que você nos ouve e opta por caminhar pelo bem, e como isso nos preenche.

Assim, meu filho, a cada dia vou percebendo meu lugar de torcida em sua vida. A cada passo e escolha que você faz sozinho me mostra o homem que você está se transformando e vai me restando a arquibancada. Feliz, porque eu estarei na primeira fila sempre.

Com amor e orgulho,

sua mãe.

*o que eu estava ouvindo: Lake Michigan, de Rogue Wave; Step Out, de Jose Gonzalez; Stay Alive, de Jose Gonzalez.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Não desista do Brasil

 
 
 
 
Maria Flor,
 
esta semana estávamos zapeando os canais da TV quando paramos por alguns minutos em um noticiário desses que passam todas as noites. Depois de ouvir algumas manchetes você olhou para mim e me surpreendeu com a pergunta: "mãe, por que eles dizem tantas besteiras?". Incrível, filha, como você aos quatro anos, já tem o pensamento perspicaz para algumas coisas.
 
Flor, atualmente vivemos um momento delicado no Brasil. Nossa política, economia e sociedade estão passando por mudanças e nem sempre isso agrada a todos. Você já ouviu muita gente reclamar do Governo, mal educadamente xingar nossa presidente e ameaçar sair do país porque não acha justo pagar tantos impostos em benefício de um sistema corrupto.
 
Meu amor, eles esquecem que um país é feito por seus cidadãos. Esquecem que furar fila, não respeitar o código de trânsito, dar carteirada para burlar leis, também é corrupção. Flor, tem muita elite fazendo panelaço para manter suas empregadas domésticas mexendo em suas panelas a preço de uma cama, de comer na cozinha e "passear" de branco no shopping atrás dos patrões.
 
Minha princesa, elas ignoram que todos temos direitos, da criança que nasce em berço de ouro ao trabalhador rural do sertão dos Inhamuns. Cada cidadão, Maria, tem o direito de ter oportunidades de estudar se assim quiser, de manter-se no campo se assim deseja, de poder comprar sua casa, de um transporte de qualidade e tantas outras necessidades que tornem a sua vida digna e feliz.
 
Porém, para que isso aconteça, é preciso lutar. A eterna luta de classes apregoada por Karl Max (se você ainda não tiver lido, procure conhecer sua obra, lhe ajudará bastante). É preciso, filha, que cada um de nós exerçamos nosso papel como responsáveis por isso. Não basta, Maria Flor, apenas pagar impostos e votar durante as eleições. Precisamos praticar em nosso cotidiano, abdicar de alguns direitos pelo outro, sermos corretos e realmente justos. Meu bem, você, seus irmãos e cada um de nós somos fundamentais para um país melhor.
 
E para sermos justos com toda a situação, não está fácil. Ainda vemos corrupção na política, pessoas agindo de má fé. A energia elétrica aumentou, o dólar também, talvez não dê certo aquela nossa viagem de final do ano. Tem problema não, filha, vai passar, ficará melhor.
 
Com amor,
 
sua mãe.
 
* O que eu estava ouvindo: Sweet Dreams - Marilyn Manson; Budapest - George Ezra; Green Hair - Supla; Janta - Marcelo Camelo e Mallu Magalhães; Heartbeats - José Gonzales

quarta-feira, 4 de março de 2015

Vamos falar sério

 

Lucas,
 
Você tem nove anos, é uma criança e guarda ainda muito da inocência em seus julgamentos. Mesmo assim acho que está na hora de termos uma conversa séria. Vi que apesar de toda essa pureza, você já percebe muita coisa e demonstra cada vez mais interesse em discutir a construção de uma sociedade mais justa. Saiba que eu e seu pai valorizamos muito essa sua qualidade e sempre lhe incentivaremos a seguir nesse caminho.
 
Hoje falamos sobre homossexualismo. Pensei muito se deveria abordar esse tema com você. Realmente me pego a pensar se a melhor maneira de formar uma opinião positiva em você e seus irmãos é agindo com naturalidade, não tocando no assunto, simplesmente vivendo. Mas diante de uma sociedade que todos os dias grita seus preconceitos, de várias formas, das mais agressivas às travestidas de inocentes, achei melhor deixar bem claro alguns pontos.
 
Filho, você chegou da escola e eu resolvi lhe mostrar o clipe "Take Me To Church", do cantor irlandês, Hozier. No clipe aparecem cenas de um casal homossexual se beijando e sendo perseguido por um grupo de rapazes encapuzados e selvagens. Não te contei do que se tratava até que você assistisse por completo. Quis ver sua reação, saber a sua percepção sobre o que estava assistindo. Ao final, ao perguntar sobre o que achou, você me responde com uma pergunta: "Mãe, por que eles estão sendo vândalos?".
 
Luquinhas, essa é exatamente a questão. Questione sempre a violência, nunca o amor. O amor, meu menino, é sempre louvável, independente de como se apresenta. Todos nós temos o direito de amar, de vivermos o que somos, de constituir família e não precisar se esconder.
 
Todos nós temos o dever de respeitar o próximo, de não invadir sua liberdade, de não julgar o outro sob nossas crenças. Saiba, meu bem, compreender que seu pensamento é apenas uma face da verdade e que outras verdades podem coexistir sem incômodo.
 
Mantenha-se dessa forma, perplexo diante das agressões. Não acostume-se com as injustiças, não ache qualquer preconceito justificável. E lembre-se que o nosso Deus acolhe a todos, sem distinção.
 
Com muito amor,
 
mamãe.
 
* O que estava ouvindo: "Take Me To Church" - Hozier; "We Can't Stop" - Miley Cyrus; "Someone Like You" - Adele; "Addicted to You" - Avicii